Discurso escrito e proferido pela querida Gigi Zwicker na nossa colação de grau...
E cada vez que eu leio, fico arrepiada. A Gigi traduziu em poucos minutos nossos cinco últimos anos!
"Queridos colegas formandos, ilustres professores, amados familiares e amigos,
Inicialmente, gostaria de pedir a licença de dedicar esse discurso ao
meu avô, que não pôde comparecer hoje, porque está hospitalizado após
uma cirurgia. Aproveito o ensejo para dedica-lo também a todos os entes
queridos que, por qualquer motivo, não puderam presenciar este momento.
Minha missão não é das mais fáceis. Sei disso porque eu precisei tentar
escrever esse discurso pelo menos uma meia milhão de vezes até que eu
ficasse satisfeita o suficiente. Tudo isso acontece porque, assim como o
nosso lendário Bota-Fora, eu tenho a missão quase impossível de tentar
resumir o que os últimos cinco anos significaram para todos nós em cinco
minutos ou menos.
Hoje, oficialmente, encerramos um dos
capítulos mais importantes da nossa vida. Depois de anos de dedicação e
esforço, finalmente estamos nos formando, tornando-nos, afinal de
contas, bacharéis em Direito. Refletindo sobre esse momento tão
importante, é inevitável pensar em todos os outros que nos trouxeram até
aqui. Todos os pequenos passos que demos para que conseguíssemos estar
sentados onde estamos, usando essas becas, controlando as lágrimas e
sorrindo para os nossos familiares e amigos mais queridos, que
combateram a tumultuada São Paulo num fim de tarde de sexta-feira apenas
para nos prestigiar.
Tudo começou com uma decisão tomada anos
atrás. Cada um de nós teve seus motivos, e eles são milhares, mas, no
fim das contas, todos nós, formandos, optamos por cursar a faculdade de
Direito.
A segunda e importante decisão foi resolver por
fazê-lo na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Vocês se lembram,
colegas formandos, quando nos sentamos onde hoje estão sentados nossos
pais, avós, tios, primos e amigos e assistimos a um vídeo feito pelos
nossos então veteranos, em que nos ensinaram duas coisas fundamentais: o
que era um vade mecum e o que significava ser mackenzista?
Acho que foi mais ou menos nesse momento que todos nós nos tornamos uma
pulsante nação vermelho e branca, dentro de uma nação verde-amarela.
E, desde então, essa universidade e seu corpo docente nos tem ensinado
as mais diversas lições. Não aprendemos apenas as leis. Aprendemos que
um mesmo fato pode ter mais de uma interpretação e todas elas possuem
seus fundamentos e suas razões, se você for sábio o suficiente para
ouvir. Aprendemos a não desistir no primeiro obstáculo.
Aprendemos outras coisas também. Aprendemos que profissional mackenzista
se destaca no mercado de trabalho. Aprendemos que as discussões
jurídicas mais acirradas, às vezes, se dão nas mesas dos bares.
Aprendemos que nosso cérebro nunca é tão receptivo a novas informações
como cerca de quarenta e cinco minutos antes da prova. Aprendemos que é
possível, sim, fazer a Pasta do Núcleo Jurídico em menos de uma semana –
embora não seja recomendável.
Obviamente, nem todos os
ensinamentos foram apenas no campo acadêmico. Aprendemos que as festas
mackenzistas são as mais insanas. Aprendemos que a torcida Mackenzista é
a mais vibrante. Aprendemos que os nossos times são os mais preparados.
E, ainda que a essa altura do campeonato já estejamos mais do que
acostumados com a vitória, continuamos celebrando cada uma delas e
festejando por cada gol, cesta e cada ponto com a mesma empolgação.
Também posso dizer que, embora pareça assim agora, nem sempre foi
fácil. Todos aqui já tiveram que lidar com um superior que achava que o
estágio era mais importante do que a faculdade. Sabemos o peso de chegar
exaustos depois de um dia de trabalho e ter que aguentar até as onze
horas da noite, tentando se manter acordado, enquanto seu cérebro já
parece incapaz de absorver qualquer informação. Compreendemos o que é
tentar estudar para aquela prova dificílima no caminho do ônibus, entre o
estágio e a faculdade.
Aprendemos que esses anos de estudo
foram exigentes e, quantas vezes, revoltados e exaustos, não desejamos,
mentalmente ou em voz alta, que tudo simplesmente acabasse?
E, afinal de contas, o fim veio.
Vocês se lembram da sensação que sentiram durante todo o último
semestre, mas, particularmente, aquela que atingiu a todos, igualmente,
após a nossa última prova? Até hoje, não consegui encontrar palavra
melhor para descrevê-la do que agridoce.
Eram tantas sensações
se misturando em nosso interior que era até mesmo difícil explicar. Um
misto interminável de alívio, desespero, felicidade, tristeza, vitória e
saudade. Por um momento de insanidade, até mesmo deu vontade de voltar e
começar tudo de novo. Ter ido a todas as festas, todos os Jurídicos,
ter ido a mais bares com os amigos, ter aproveitado melhor tudo o que o
Mackenzie e os mackenzistas tinham a nos oferecer...
Mas agora nossos desafios são outros e isso é, ao mesmo tempo, extasiante e aterrorizador.
Na verdade, de onde estamos parados agora, existem tantos caminhos que
podemos seguir que, num primeiro momento, pode até chegar a parecer que
não temos para onde ir. Não se deixem abater e respirem fundo. Pensem em
quem vocês eram anos atrás, quando decidiram cursar esse curso, e
lembrem-se de quais eram os seus planos e ambições. Talvez isso te dê
uma diretriz.
A verdade, colegas, é que já não nos cabe mais o
papel de observar passivamente, enquanto aguardamos que os outros tomem
as decisões e decidam o rumo do país em que vivemos. A partir de hoje,
como operadores do Direito, devemos assumir o compromisso de agir
ativamente na construção de um país melhor, utilizando-nos de nosso
entusiasmo e do conhecimento adquirido.
Sei que observando
nossa atual situação política e social, isso parece quase uma causa
perdida. Mas eu gostaria de citar um ensinamento que me é muito
precioso; Ayn Rand, uma filósofa política, uma vez escreveu: “Em nome do
que há de melhor em vocês, não sacrifiquem este mundo àqueles que são o
que há de pior nele. (...) Não deixem que se apague o seu fogo
insubstituível, fagulha por fagulha, nos pântanos do desespero do ‘mais
ou menos’, do ‘não é bem assim’, do ‘ainda não’, do ‘de jeito nenhum’.
(...) O mundo que vocês desejam pode ser conquistado: ele existe, é
real, é possível, é seu”.
É assim que retribuiremos aos nossos
pais, familiares e amigos pelo apoio, a essa instituição, por todo o
ensinamento que nos propiciou e a nós mesmos, por todo o nosso esforço.
Sentados atrás de mim, sei que estão alguns dos maiores advogados que
esse Brasil ainda há de ver, juízes comprometidos com a justiça e a
verdade, promotores engajados na defesa dos direitos da sociedade,
delegados que se atentarão à segurança dos cidadãos e defensores
públicos que demonstrarão o zelo por aqueles que foram deixados para
trás.
É com esses pensamentos que precisamos dar os próximos e
corajosos passos em direção ao próximo capítulo de nossas vidas:
focando-nos em quem queremos ser e em tudo o que desejamos e precisamos
alcançar no futuro.
E, sim, é assustador dar esse passo. Mas
olhem em volta. Prestem atenção a cada rosto dentro deste auditório,
especialmente aqueles que fazem o seu coração bater mais forte e um
sorriso involuntário surgir ao rosto, porque estas pessoas estarão ao
seu lado para acompanhar esses passos, sobretudo e principalmente os
bons amigos que fizemos durante esses anos de faculdade.
Há
algo que vocês não sabem, mas falo isso com tranquilidade e baseada na
minha própria experiência, já que estudo no Mackenzie desde que tenho
seis anos de idade: há algo de mágico que acontece aos relacionamentos
que se formam dentro desses muros. As amizades que se originam aqui são
diferentes das outras, mais duradouras e mais maduras. São laços que não
se perdem com a distância e não se apagam com o tempo.
Assim, é
com firmeza que digo que, nas inúmeras ocasiões em que, num futuro
próximo, nos esbarraremos nos corredores do João Mendes ou do Palácio da
Justiça, ocupando a função que ocupemos, não haverá qualquer estranheza
ou constrangimento quando nos cumprimentarmos e sentarmos para tomar um
cafezinho.
A verdade é uma só, queridos formandos: o que o Mackenzie uniu, a vida não consegue separar.
Então, agora, quando lhes dirijo essas últimas palavras de despedida,
elas não têm o gosto amargo de um “adeus”, mas são doces como um “até
breve”.
Parabéns, formandos do segundo semestre de 2013, por essa incrível vitória.
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